sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Inverno do Mundo – Parte I

Há tanto para se falar e se pensar ao ler esse livro que decidi escrever minhas impressões sobre ele em partes, assim, aqueles que desejam ler não vão se cansar tanto!!!


Talvez nem todos saibam, mas Inverno do Mundo é o segundo livro da trilogia O Século, que começou com Queda de Gigantes, um dos melhores livros que li na minha vida, um romance histórico perfeito que conta sobre a vidas durante os anos que antecedem a Grande Guerra, durante as batalhas e um pouco do pós-guerra na Inglaterra, na Rússia, Alemanha e Estados Unidos, através da vida de cinco famílias, e com um enfoque bem interessante na política internacional e na atuação dos diplomatas envolvidos. 

Realmente muito bom, aconselho a leitura!! 

Agora, em Inverno do Mundo acompanhamos os acontecimentos que antecedem a II Guerra Mundial, através dos filhos dos personagens do primeiro livro.

Como esse livro rendeu muito, vou começar com a parte que eu mais gostei, os Alemães!!!

Na Alemanha pré-nazismo acompanhamos Maud, uma aristocrata inglesa que abandonou a vida confortável na propriedade da família para se casar secretamente contra a vontade de seu irmão, o conde Fitz, com Walter, um diplomata alemão, com quem foi viver após a Grande Guerra na Alemanha, suportando todas as privações que se abateram sobre o povo alemão naquele período.

Agora, Walter é um parlamentar membro do partido social-democrata e Maud jornalista em uma revista que segue a mesma linha. Ambos percebem o mal que o nazismo representa e fazem de tudo para evitar que o partido consiga a maioria nas eleições em 1933, e enfrentam a violência da SS. 

O casal tem dois filhos, Carla, uma menina de onze anos, extremamente inteligente e com uma ótima compreensão da política e dos acontecimentos a sua volta, e Erik, um garoto de 13 anos fascinado pelos nazistas, para decepção dos pais.

O foco de toda a história que se passa na Alemanha é Carla, a garota corajosa que investiga a estranha morte de seu afilhado deficiente e descobre o programa nazista para acabar com as pessoas consideradas “inúteis”. Sua investigação, contudo, leva à prisão de seu pai pela Gestapo e a outras consequências terríveis. 

Conhecedora da realidade nazista, diferente do que acontece com a maioria das pessoas a sua volta que parecem não ver o que o nazismo realmente representa, durante a guerra Carla faz tudo que pode para ajudar os judeus a sua volta, trabalha como espiã para os russos e, graças a sua rede de espionagem o Exército Vermelho consegue se preparar para os ataques a Moscou e a Stalingrado, assim, graças a ela e seus amigos a Russia consegue vencer o exército alemão no leste.

Ao final da Guerra, quando o Exército Vermelho “liberta” Berlim, Carla sofre abusos dos soldados libertadores e fica grávida. Assim, seu filho Walli com certeza será um dos personagens que acompanharemos no terceiro livro da série.

Eu gostei demais do enfoque que o autor deu para esse ponto da história, porque acho que muitas vezes quando lemos romances históricos que se passam durante a II Guerra, a gente se esquece que aquelas pessoas, aqueles alemães comuns, não tinham o conhecimento que temos hoje de tudo que se passou. Os campos de concentração eram secretos, os horrores acontecidos ali não eram divulgados e, na realidade, foram eles que mais sofreram antes da guerra com a dureza do regime nazista e durante a guerra morrendo no front, bombardeados pela RAF, passando fome e frio e por fim ou violentados pelo Exército Vermelho.

Com certeza pagaram a conta muito além do que deviam.

E pensar que realmente existiram pessoas como Carla, que correram inúmeros riscos e passaram por tantas dificuldades para livrar o mundo do nazismo e do fascismo faz nascer uma sensação de gratidão. Pessoas que morreram no anonimato, pessoas que não receberam qualquer homenagem, e que talvez nós nunca iremos conhecer seus atos de coragem, mas que agiram e que não aceitaram as coisas por comodidade. Pessoas de coragem.

Assim, ao nos contar a história de Carla eu acredito que o autor nos leva a pensar em todas essas pessoas que deram suas vidas para que hoje nós possamos viver num mundo livre.

Esse é o ponto alto dessa série, o autor nos mostra como a história é escrita, na realidade, por pessoas comuns. Quando pensamos em quem venceu a guerra, pensamos em Stalin, Churchill e Roosevelt, mas depois de ler esse livro percebemos que a gerra foi vencida graças a atos de coragem e força de pessoas como você e eu.

Beijos e ótimas leituras...
Fefa Rodrigues


2 comentários:

Fernanda Cristina Vinhas Reis disse...

Oi Fefa!

Realmente um dos melhores livros que eu já li. Carla é sensacional, e a coragem dela é impressionante. Me partiu o coração quando o pai dela morre. E Erik também não é culpado, mas tão vítima quanto os outros. Ele foi levado por uma ilusão, acreditando realmente que era o melhor.

Também adoro esses outros lados da Segunda Guerra, mostrando pessoas comuns, que nada tinham a ver com a política, e nem ligavam para as diferenças raciais, mas que acabaram no meio do conflito, sem opção.

Beijos!



PS: depois eu volto pra comentar mais nas outras postagens.

Vitor disse...

Fefa, eu gostei muito da Carla, mas gostei mais ainda de Lloyd Williams e dos irmãos Woody e Chuck Dewar. O que ficou igual ao outro foi a Itália ter ficado de fora mais uma vez (ela só é citada quando alguém fala do Tratado de Latrão), o que me decepcionou um pouco, e a história do primeiro é melhor do que o segundo, para mim. Enfim, o livro é bom, mas o primeiro é melhor.

Abraços