quarta-feira, 15 de maio de 2013

O Homem de São Petersburgo - Ken Follett

Só agora percebi que a minha leitura atual informada aqui ao lado está errada. Não estava lendo A Chave Rebeca, mas sim O Homem de São Petersburgo. Ambos são do mesmo autor, mas ainda não li aquele.

Gente, esse livro é demais. Quem leu meus comentários sobre Queda de Gigantes, que é do mesmo autor, sabe que eu amei totalmente aquele livro, e esse é na mesma linha. Uma trama realmente fascinante e que, no meu caso, une vários dos elementos que eu mais amo em literatura: um momento histórico específico, neste caso, a proximidade da I Guerra Mundial, relações internacionais e diplomacia, personagens históricos reais e, em meio a todo esse elemento lógico, o destino, inexorável como sempre!!


Tudo começa quando o Conde Walden, apesar de desprezar os liberais, é persuadido por Churchil a negociar secretamente com um príncipe russo o apoio da Russa à Inglaterra em caso de guerra contra a Alemanha. O príncipe Aleks vem, então, se hospedar em sua casa, fingindo que vem passar a temporada em Londres, para iniciar as negociações. Walden é casado com uma aristocrata russa, Lady Lydia com quem tem uma filha, Charlotte. Ambas vivem na riqueza e Charlotte não conhece nada da vida real, já que foi criada protegida de tudo. 

Doutro lado temos Félix, um anarquista russo, que vive em genebra e que, ao saber, por meio de espiões, que um príncipe russo está em Londres para negociar a entrada da Russia numa possível guerra com a qual  não tem nenhuma relação ou interesse, decide matar Aleks, que além de ser o responsável pela missão, é o sobrinho preferido do czar Nicolau. Com isso, Felix tenciona denunciar os planos do czar ao povo russo, acreditando que com isso a revolução será deflagrada. 

A família de Walden vive uma vida perfeita, mas tudo começa a desmoronar. Charlotte tem uma mente inquieta e inquisitiva, Lydia tem um segredo de seu passado que esta prestes a ser revelado, Walden tem a missão de proteger seu país negociando com Aleks e os interesses russos, e ainda tem que protegê-lo de Félix. 

Resumindo assim pode até parecer que a história não tem muita graça, mas é muito boa mesmo. Cheia de suspense e perseguições policiais, além de ser mais uma aula de política internacional e história. Gosto da forma como o autor demonstra que mesmo os grandes eventos da história são movidos por pessoas comuns, por seus sonhos, desejos e paixões.

Adorei e acho que Charlotte pode representar um pouco da mudança pela qual o mundo passou durante a I Guerra... aliás, se a gente somar esse livro a Queda de Gigantes e a série Downton Abbey teremos uma ideia bem ampla dessa fase da história.

Com certeza indico a leitura!!!!

Beijos;
Fefa Rodrigues

PS: Eu ia ler Queda de Gigantes e também pretendo ler Cidade de Ladrões que a Lu vai me emprestar, mas de última hora resolvi ler Os Confins do Mundo, da série Alexandros. Bem diferente, outro foco... eu gosto de focar um assunto sempre, mas me deu uma vontade enorme de ler esse livro e terminar essa trilogia, então vai ser ele!!!


quinta-feira, 2 de maio de 2013

O Palácio de Inverno – John Boyne





“Eu nunca tinha lido um livro na vida, mas eles me chamavam, sussurrando em suas encadernações uniformes, e eu ia e um a outro, examinando as páginas de rosto, lendo os parágrafos iniciais como conseguia, pondo os volumes já folheados na mesa atrás de mim, sem nem pensar.”


Algumas vezes acontece de ao ler um livro, eu gostar da história, mas não gostar da forma como ela  escrita ou da linguagem utilizada pelo autor, noutras, eu gosto da forma de narrativa usada pelo autor, mas sinto que a história deixa a desejar, raras são as vezes que eu não gosto de nada em um livro, menos raras são as vezes que gosto de tudo na obra, que não tenho nenhuma crítica a fazer, por terem uma história ótima e serem muito bem escritos, e é o que aconteceu com esse livro.

Amigos, o livro é maravilhoso! Conta a história de Georgui, um menino russo que vive em uma vila miserável no interior da grande Rússia, passando frio e fome, mas que, apesar de todas as privações  que passa com sua família, em momento algum questiona o direito divido do czar, o ungido de Deus.

Certo dia, a aldeia toda se reúne para ver exército passar por ali a caminho do front e, durante o desfile das tropas, ao tentar evitar que seu melhor amigo cometa uma loucura, Georgui acaba por salvar a vida do conde Nicolau, comandante do exército e primo do czar Nicolau II. Em gratidão, o conde manda o menino para fazer parte do corpo de guarda-costas da família imperial no Palácio de Inverno em São Petersburgo, e então sua vida muda completamente, já que, por ter demonstrado tamanha coragem e lealdade à família do czar, ele recebe como missão ser o protetor do herdeiro do trono, Alexey.

No no segundo capítulo a história muda de foco e Georgui já na casa dos 90 anos, vivendo em Londres com sua esposa Zóia que está doente em fase terminal, quem ele demonstra um amor incondicional e uma preocupação enorme com seu bem-estar.

A partir dai duas narrativas tem sequência, capítulo à capítulo, de um lado progredindo no tempo, de outro lado regredindo, até que as duas pontas da história de Georgui e Zoia se encontram num ponto comum que é a Revolução Russa.

Dessa forma a história flui de uma maneira deliciosa, de um jeito que a gente não consegue parar de ler, além da linguagem ser ótima. Outro ponto que eu gostei é aquele toque que eu adoro nos romances históricos, que é descrever o cotidiano dos personagens detalhando a forma como se vivia no período histórico em que a trama se passa, apresentando mais sobre a cultura daquele povo e período.

O autor faz isso muito bem, de uma forma natural, sem saturar a história. Assim, enquanto acompanhamos Georgui jovem vivendo no Palácio de Inverno, podemos sentir a crescente tensão entre o povo e o czar,  o descontentamento com relação aos rumos tomados pela Rússia durante a I Guerra e principalmente contra a influencia que Rasputin tem sobre a czarina. O povo está faminto e com frio, enquanto seus filhos morrem numa guerra travada contra o próprio primo do czar, o kaiser da Alemanha, Guilherme II, fatores que alimentaram a Revolução Russa.

Já, com Georgui mais velho e vivendo em Londres, o autor nos mostra como foi difícil a vida dos estrangeiros que viviam ali durante a II Guerra, e como era o dia a dia com as ameaças de bombardeio e a ansiedade sempre que as sirenes de alerta tocavam a cada noite, além das cicatrizes quer restaram no povo londrino após a guerra.

Nesse livro, o autor conseguiu transformar uma história que poderia ser mais um grande clichê em uma história belíssima, que fala sobre o amor verdadeiro, aquele que vai muito além do “e viveram felizes para sempre”,  amor que não se alimenta da perfeição dos contos de fada, mas que sobrevive ao cotidiano e às dores da vida.

Recomendo completamente!!!!

Beijos...
Fefa Rodrigues