Já faz muito tempo desde a última vez que um livro me fez chorar. Uns 15 anos. Ontem, chorei outra vez.
Engraçado que demorei tanto para ler esse livro. Lembro-me de quando ele estava sendo super comentado e minha sobrinha o ganhou. Apesar de gostar muito de histórias da II Guerra, não quis ler, em grande parte, porque a Dani me disse que o livro era chato. No sábado, perguntei para ela a razão daquela opinião, e ela me disse que não gostou da forma como a história era narrada, com aquelas pausas, frases curtas e a Morte, a narradora, contando antes o que aconteceria apenas no fim.
Para mim, esta forma diferente de escrever foi o único detalhe que desagradou. A história é extremamente tocante e das histórias passadas durante a II Guerra que eu já li, foi a melhor. Uma história narrada pela Morte, eu ainda não tinha visto.
Uma história passada durante a guerra, mas que tem seu foco não em um campo de concentração, ou num esconderijo sujo, não no front de batalha... mas em uma ruazinha com nome de céu, em um bairro pobre, numa pequena cidade alemã.
Liesel é uma garota de 11 anos sendo levada para um lar adotivo. No caminho, seu irmão morre e, durante o enterro, ela comete seu primeiro roubo. Um livro derrubado na neve. Logo pensei que o lar adotivo seria aquele modelo padrão de sofrimento e maus-tratos. Mas não. Seu pai adotivo a ensina a ler, e assim começa sua relação de amor com os livros. No decorrer da história, ela vai roubar vários outros livros, e estes serão seu maior tesouro.
O livro é cheio de cenas do dia-a-dia dos moradores da Rua Himmel e de momentos marcantes.Tenho certeza de que nunca vou esquecer algumas coisas como a Morte dizendo que “tem aquela questão das 40 milhões de almas que eu levei, mas isso já está virando um eufemismo”. Ou quando Max pintou as páginas de Mein Kampf e sobre a tinta, e mais ainda, sobre as palavras de ódio, escreveu a história da amizade entre um judeu e uma menina alemã. Quando Liesel e Rudy deixaram migalhas de pão espalhadas pelo caminho dos prisioneiros judeus, e claro, quando Liesel lia enquanto estavam no abrigo durante os bombardeios.
Durante a leitura me lembrei de um texto da Lya Luft que li há tanto tempo. Ela dizia que "somos anjos montados em porcos". Esse livro me fez pensar e repensar essa frase. Realmente, os seres humanos são capazes de enormes atrocidades e de gestos de grandeza.
E então eu chorei.
Já disse aqui que, quando algo me toca demais, tenho dificuldade em expressar esses sentimentos. Esta é a resenha mais difícil que eu já fiz, porque ainda há um nó na minha garganta após o fim da leitura, e as lágrimas, enquanto eu escrevo, embaçam meus olhos.
Então, para nós que amamos os livros, esta é uma história linda, de amor, amizade e de como os livros podem ser redentores!!!
Beijos,
Boa leitura...
Fefa Rodrigues