terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Queda de Gigantes – Ken Follet

Um livro inesquecível!


Confesso que, a princípio, não esperava tanto da obra, mas agora este livro faz parte da lista dos meus preferidos. Eu imaginava que seria bom, não sabia que é ótimo.

É que, apesar de ter gostado de Os Pilares da Terra, enquanto eu lia aquele livro tinha a sensação de que havia algo errado e eu acabei percebendo que o que me incomodava na obra era a linguagem, então, quando comprei Queda por indicação da Fê do Na Trilha, pensei que talvez essa questão outra vez fosse me desagradar. Não foi o que aconteceu, não tenho qualquer ressalva a fazer quanto a este livro, só elogios.

O romance histórico se ambienta principalmente na Inglaterra pré I Guerra, mas também vemos um pouco da realidade Russa pré e pós Revolução e conhecemos mais dos Estados Unidos do início do século XX e da luta do presidente Woodrom Wilson para realizar seu sonho e criar a Liga das Nações.

Amei os personagens, principalmente lady Maud, Walter von Ulrich, Ethel e Billy. Também achei perfeita a forma como o autor vai narrando a história, novamente não sei se vai ser a palavra mais correta para definir isso, mas a história não é linear, não é uma seqüência de eventos de grande destaque, a história vai sendo formada por situações esparsas, acontecimentos do cotidiano de pessoas diferentes... aristocratas, mineradores, políticos, diplomatas, empregados, militares... russos, galeses, ingleses, alemães e norte-americanos... tudo nos bastidores da I Guerra.

A cada momento estamos em um país e entre um e outro capítulo algumas vezes se passam alguns dias, outras vezes se passam meses, e isso dá um ritmo acelerado à história e à narração... são 900 páginas que a gente devora sem se cansar.

A história têm inicio em uma pequena cidade mineradora do País de Gales, no mesmo dia em que o Rei Jorge é coroado, o jovem Billy, filho de Dã, o presidente do sindicato dos mineradores, aos 13 anos, inicia sua vida profissional nas minas de carvão enquanto sua irmã Ethel é governanta na propriedade do Conde Fitszherbert, um moça inteligente e bonita que logo se destaca e atinge o posto de governanta.

O Conde é irmão de Lady Maud, jovem inteligente, feminista e liberal que luta pelos direitos das mulheres, especialmente pelo direito de voto e durante a I Guerra, junto com Ethel, lutam pelo direito ao recebimento de pensões pelas mulheres dos soldados, ele é casado com Bea, uma princesa russa mimada e fútil. A família de Fitszherbert tem muitos amigos importantes, dentre eles Walter von Ulrich, um dos diplomatas alemães na Inglaterra e Gus Dewar, um norte-americano que é assistente do presidente Woodrow.

Em uma viagem à Rússia, o Conde, sua esposa e alguns destes amigos visitam uma fábrica de locomotivas e ali conhecemos dois operários, os irmãos Grigori, que está juntando dinheiro para imigrar para os Estados Unidos e Lev, mais novo, de quem ele cuida desde a morte de seus pais, mas que não leva uma vida muito correta.

São estes os personagens centrais da trama.

Na Inglaterra, as mulheres lutam pelo direito ao voto e os mineradores lutam por melhores condições de vida e de trabalho, na Rússia os trabalhadores sofrem sob o jugo de um sistema brutal, governados por um czar distante e por uma aristocracia burra, sementes da Revolução, enquanto nos Estados Unidos, alguns imigrantes fazem fortuna e tornam país a Terra dos Sonhos para pessoas do mundo todo, especialmente dos pobres.

Mas a morte do duque Francisco Ferdinando por um separatista sérvio vai interferir na vida de todos eles. A Europa que está em um clima de tensão desde a guerra entre a Alemanha e a França, que culminou na perda da Alsácia e Lorena, e o assassinato parece ser o estopim.

A Áustria exige da Sérvia a punição dos culpados pela morte do herdeiro do trono do Império, o que parece apenas uma desculpa para o início das ofensivas, e exige que a Alemanha, sua tradicional aliada, a apóie em uma ofensiva contra a Sérvia.

A Rússia, por sua vez, é ligada à Sérvia por um compromisso de defender o pequeno país, além disso, o gigante não pode perder sua saída para o Mar que se dá pelos Bálcãs, e diante disso mobiliza seu imenso exército de seis milhões de homens. Mas a Rússia sabe que, apesar de seu exército ser enorme, ele é despreparado, enquanto a Alemanha é forte e organizada, o país mais bem armado do mundo – e diga-se de passagem, que povo eficiente!! Diante dessa situação, a Rússia exige que a França cumpra acordo de atacar a retaguarda da Alemanha em caso de ataque deste país à Rússia.

A França então exige que a Inglaterra, por sua vez, cumpra seu compromisso de defendê-la em caso de ataque pela Alemanha...

Enquanto muitos diplomatas e a ala liberal da Inglaterra lutam pela paz, outros lutam pela guerra, afinal, era o orgulho da Áustria que estava em jogo... e todos os interesses das maiores potências da época... e assim, a guerra eclode e atinge de maneiras diferentes a vida de todos os personagens do livro... a Guerra a partir da visão de pessoas comuns...

O livro é realmente muito bom. Enquanto lia, percebi que todos nós, assim como os personagens do livro, lutamos nossas próprias guerras e, alguns de nós, lutam também as guerras de outros... algumas justas, como a luta pelos direitos ou pelas condições de vida, outras não tão justas assim... mas, quando os Gigantes decidem lutar, nós corremos o risco de sermos esmagados por sua fúria!!!

Para mim, dois momentos do livro são de uma simbologia fascinante... (ATENÇÃO - SPOILERS). Tanto o alemão Walter von Ulrich quanto o norte-americano Gus Dewar lutaram incessantemente pela paz ante do conflito começar e pelo fim dele, mas acabaram lutando um contra o outro nos campos da França... aqueles que não queriam a guerra foram para o front, aqueles que quiseram a guerra ficaram confortáveis em casa.

E no final, demonstrando as mudanças sociais que a I Guerra acarretou, enquanto Ethel sob as escadas do parlamento com seu filho, o conde e seu filho descem e são obrigados a se recostar na parede para dar passagem...

Ah!! E o discurso do Billy quando ele se torna candidato também é emocionante!!

Gostei muito da descrição da famosa Batalha do Rio Somme, onde a gente mais uma vez tem que tirar o chapéu para os alemães... da mesma forma que durante a Alta Idade Média os ingleses eram imbatíveis com seus arqueiros, os alemães seriam imbatíveis se, nas duas grande guerras, os EUA não tivessem entrado quase no fim, com seus exércitos descansados e bem nutridos...

Devaneios à parte, recomendo o livro apenas com a ressalva de que, ao final, é provável que você fique decepcionado em saber que se trata de uma trilogia - O Século - e que os livros seguintes ainda não foram publicados... mas vale mesmo a pena ler, ótimo livro!!

Beijos e boa leitura
Fefa Rodrigues

PS: Ah!!! O inicio do livro me lembrou demais a série Downton Abbey, que também indico para quem gosta de histórias de época.

3 comentários:

Gabi Castro disse...

Oi Fefa! Eu também amei este livro! Eu li por acaso, porque estava remexendo aqui nas estantes de casa e puxei ele ("Vou ler este aqui mesmo, vai..."). Se tornou Top dos Tops, apenas atrás d'As Crônicas de Gelo e Fogo, que agora eu estou viciada. Estou ansiosa para a continuação da Trilogia O Século, que está prevista para este ano \o/

Agora, o ambiente será a Segunda Guerra Mundial com a nova geração de todos os personagens! Deve ser incrível!

Detalhe (e spoillers): eu queria que a Ethel ficasse com o Conde! =( Se tivessem ficado juntos, teria sido O LIVRO DA MINHA VIDA! kkkkkkk

Beijos,

Gabi

Fefa Rodrigues disse...

Gabi... Crônicas do gelo e Fogo realmente é viciante... qd minha mãe me ve lendo Tormenta de Espadas ela diz "Não acredito que vc vai ler este livro enorme!!"... como se ela não me conhecesse!!!

Quanto a Queda de Gigantes, é supreendente de tão bom, não é mesmo??? Perfeito... e no começo eu tbm queria que a Ethel e o Conde ficassem juntos... mas depois, pensando bem, se fosse assim ela nãot eria ido tão longe e eu imagino que os descendetes dela foram ainda mais longe!!!

Não gostei muito do maridod ela tbm... além disso, faltava paixão entre eles... mas, no fundo, foi melhor assim!!! hehehehe

Estou louca pela continuação tbm...

Fernanda Cristina Vinhas Reis disse...

Oi Fefa!

Não falei que show? Eu não gostava do conde não, achei o cara um canalha. E a Ethel bem burrinha no começo, mas gostei como ela mudou depois e se tornou uma mulher forte e determinada. E também acho o marido dela um paspalho, muito sem sal.

Tomara queo o segundo não demore!

E se prepare para Tormenta das Espadas! Pra mim o melhor das Crônicas!

Beijos!