quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Marina – Carlos Ruiz Zafón

“A gente só se lembra do que nunca aconteceu.”


Sempre que eu termino um livro do Zafón, tenho essa sensação de estar deixando um mundo no qual vivi por alguns dias, e com este livro, apesar de pequeno – 189 páginas, não foi diferente.

Lembro que quando falei sobre as obras do Dan Brown disse que, para mim, o escritor usava sempre a mesma receita em seus livros – O Código Da Vinci, Anjos e Demônios e O Símbolo Perdido são realmente muito parecidos, e confesso que disse isso com certo tom de crítica.

No caso do Zafón, tenho uma impressão próxima, mas, ao mesmo tempo, completamente diferente. Por mais que, quando a gente narra a história, os livros pareçam semelhantes, para mim o que o escritor usa não é a mesma receita de sempre, mas sim os mesmos ingredientes, em histórias completamente novas.

Os ingredientes de Zafón são as ruas de Barcelona, seus casarões antigos e os mistérios, crimes e amores que se escondem atrás de suas janelas.

Outro ponto em que o autor acerta é no personagem principal, sempre cativante, sempre simpático e com um bom humor inteligente, rindo de si mesmo. Gostei de todos eles Daniel Sempere, David Martín e Óscar Drai são parecidos, seus sentimentos, seu jeito de ser, de falar, de agir, para mim parecem a mesma pessoa, mas em cada uma das histórias tem eles tem um quê que os diferencia.

Outro detalhe são as mulheres ou garotas que acompanham o personagem principal em cada um dos livros e por que o personagem está perdidamente apaixonado. As mulheres de Zafón sempre são um caso a parte!!

Marina foi escrito (ou publicado) em 1999, portanto, antes de A Sombra do Vento e de O Jogo do Anjo e a história se aproxima mais daquele que deste. Não posso dizer que seja tão bom quanto A Sombra do Vento, a história aqui não é tão elaborada, mesmo porque são poucas páginas, mas o ritmo da narração e a essência da história são os mesmos. É como se fosse uma preparação para o grande sucesso que foi A Sombra do Vento, ao escrever Marina, talvez Zafón estivesse aquecendo as mãos e a imaginação para o que viria a escrever depois!!

Uma breve visão geral do livro e de sua história: Óscar é um garoto sem muitos amigos, interno de um colégio em Barcelona que adora andar pelos bairros antigos da cidade observando os casarões em ruínas, personagens de uma época de ouro há muito ida – e nisso eu me identifico com os personagens de Zafón, porque eu simplesmente amo andar por ai sozinha e observar casarões antigos – até que certo dia, em um desses casarões que ele pensava estar abandonado, após um pequeno incidente, ele conhece Marina, uma garota linda e inteligente que se torna sua amiga.

Juntos eles passam a investigar uma dama de negro que, todo último domingo de cada mês, visita um antigo cemitério e deixa uma rosa em um tumulo sem nome, com apenas o desenho de uma borboleta negra com as asas abertas.

Aos poucos eles vão conhecendo quem é a Dama de Negro e qual o significado daquela borboleta negra, ao mesmo tempo em que ódios do passado afloram e algumas mortes começam a acontecer. Tudo levando a trágica história de um rico casal que morreu carbonizado, após um incêndio que destruiu a mansão onde eles viviam reclusos.

Assim como em A Sombra do Vento, duas histórias vão se narrando, a de Óscar e Marina e a do misterioso casal, tendo como cenário os casarões de Barcelona.

Já adianto que, a explicação final para todos os acontecimentos estranhos tem um pouco de ficção científica, mas ainda assim acho difícil alguém não gostar da história, ainda mais aqueles que gostam do gênero!! 

Apenas quero ressaltar novamente que este é o primeiro livro que o autor escreveu, antes desse ele havia escrito uma trilogia infanto-juvenil que também pretendo ler se alguém se dispuser a traduzi-la, e que em O Jogo do Anjo e A Sombra do Vento, seu estilo e técnica estão bem mais desenvolvidos.

Um livro que realmente vale a pena ler, que a gente acaba devorando em uma sentada, e que custou a ridícula quantia de R$ 19,90!!

Ah, outra coisa, ainda não vou para Westeros, vou para a Macedônia, resolvi ler o segundo volume de Alexandros antes de me aventurar pelas 880 páginas de Tormenta de Espadas, para não ficar muito atrasada com minhas outras séries!!!


Mas daqui uns dez dias eu embarco numa dracar e aporto em Porto Real!!!!

Beijos e boa leitura!!
Fefa Rodrigues

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