terça-feira, 31 de maio de 2011

O Nome da Rosa – Umberto Eco

Para quem gosta de Idade Média, vai mais uma ótima dica: O Nome da Rosa do italiano Umberto Eco.

A história, que já virou filme, se passa no ano de 1327, em uma abadia, que possui, na época, a maior biblioteca da cristandade e a missão dos monges que ali vivem é copiar os livros e preservá-los, mas estranhos assassinatos começam a agitar o lugar.

Detalhe da Capa - Edição bem antiga já!
William de Baskerville é enviado até a abadia para investigar esses assassinatos e possíveis idéias ‘heréticas’ que estão se disseminando por ali. Em um labirinto de livros organizados segundo um plano secreto, William tem que investigar as mortes secretamente, enquanto a Inquisição também faz seu trabalho.

Interessante conhecer a vida monástica no século XIV. Além de aprender um pouco sobre a época dos papas franceses e da Santa Sé em Avignon.

Lembro de um trecho do livro onde alguns monges discutiam acirradamente se Jesus Cristo, enquanto viveu na Terra, teria, alguma vez, sorrido... muito legal esse livro, todo o mistério envolvendo os assassinatos, a biblioteca gigante, os monges, a vida monástica, muito bom mesmo!!! Vale a pena ler.

O post é curto, mas o livro é ótimo!!! 

Beijos e boa leitura!
Fefa Rodrigues

Apaixonada por... Manjericão?!?!

Nada a ver, né?... mas como o blog também é  pra eu falar das outras coisas boas da vida, vou falar de manjericão... é isso mesmo manjericão.

Bruschetta o nome disso ai... segundo minha irmã prendada!

A verdade é que nunca tinha me dado conta da existência dessa folhinha verde até o dia em que fui jantar na casa da minha irmã e lá estavam as folhinhas em cima da salada de maionese. Fiquei fã. Num segundo jantar lá estavam as folhinhas novamente, agora em cima do pão assado com óleo de oliva... hummm que delícia!!!

Semana passa fui eu quem cozinhou, meu maravilhoso macarrão... não resisti ao charme de colher as folhinhas na mini-horta da minha irmã... gente que cheiro delicioso... somando com orégano fresco... que também colhi na hora... ficou delicioso!


Então, fica a dica... manjericão é uma delicia e se você não tem um cantinho pra plantar na sua casa, faz igual a maninha... olha que legal a mini horta dela!!! É só procurar uma floricultura e eles fazem pra você!!

Beijos... e cmo tá na hora... bom almoço!!!
Fefa Rodrigues

Um pouco de Poesia...

Chegou junho! Mês dos Namorados e para celebrar o Amor, uma poesia por dia até o grande dia chegar... quem sabe você se inspira a escrever um cartãozinho para aquela pessoa, heim?!

Tanto de meu estado me acho incerto,
Que em vivo ardor tremendo estou de frio;
Sem causa, justamente choro e rio,
O mundo todo abarco e nada aperto.

É tudo quanto sinto, um desconcerto;
Da alma um fogo me sai, da vista um rio;
Agora espero, agora desconfio,
Agora desvario, agora acerto.

Estando em terra, chego ao Céu voando;
Numa hora acho mil anos, e é jeito
Que em mil anos não posso achar uma hora.

Se me pergunta alguém por que assim ando,
Respondo que não sei; porém suspeito
Que só porque vos vi, minha Senhora.

                                                         Camões


Ahhhh, aproveita e passa no blog La Modee, lá ta tendo comemoração também!! Faz uma homenagem a quem você ama!

Beijos
Fefa Rodrigues

segunda-feira, 30 de maio de 2011

O Preferido: Cem Anos de Solidão

Cem Anos de Solidão – Gabriel Garcia Márquez

Eu tenho um caso de amor com essa obra que descobri sem querer durante uma conversa sussurrada na biblioteca da faculdade, quando ainda estava no 1º ano de direito.

Naquele mesmo ano li a obra duas vezes, a primeira assim que descobri sua existência e a segunda a pedido do professor de Ciências Políticas e, desde então, já somei 5 releituras!

Meu exemplar, emprestado e não devolvido :õ(
Então, você deve estar se perguntando o que a obra, que valeu ao autor o Prêmio Nobel de Literatura, tem de tão especial...

Para mim, a resposta é simples, pois o que mais me chama atenção neste livro e em todos os outros do autor, é a forma como ele retrata o absurdo da existência humana sempre em meio a acontecimentos fantásticos... aliás, os experts no assunto classificam seus escritos como “Realismo Fantástico”... eu, em minha falta de conhecimento técnico, defino como Sensacional!

Engraçado que muita gente pra quem eu falo dessa obra se assusta com seu nome. Solidão, muitas vezes, não é algo que agrada, ainda mais se ela durar cem anos!

O livro conta a saga da família Buendia, desde seu patriarca José Arcádio Buendia, passando por seus filhos, netos e bisnetos, da fundação da cidade de Macondo, até o seu fim, quando seu último descendente, enfim, decifra um manuscrito que previa o destino de sua família.

A história é contada a partir dos encontros e desencontros dos membros dessa família e de outros personagens fantásticos, como Maurício da Babilônia, que é sempre seguido por borboleta amarelas, Fernanda, a mulher mais bela que já se teve notícia mas extremamente religiosa, o que atrapalha o bom andamento de seu casamento, Rebeca e a morte misteriosa de seu marido além de acontecimentos inusitados como uma chuva que dura tantos anos a ponto de alagar toda a cidade e fazer os mortos saírem de suas sepulturas, a perda de memória de toda a população da cidade, um comboio carregado com cadáveres, um padre que levita quando toma chocolate quente, e a morte de todos os descendentes do Coronel Aureliano Buendia que ficaram marcados para sempre com a cruz feita em suas testas no dia do batizado, dentre outras situações...

Um livro sem igual, e como bem destacou Ricardo Gondim em seu texto Um caso de Amor publicado na edição de junho/2011 da revista Ultimato:

“Mundos fantásticos, como o de Gabriel Garcia Márquez são criados para que possamos sonhar para além da realidade nua e crua. Essa capacidade de sonhar, tão comum entre os profetas, nos leva à inconformidade com o mundo do jeito que é. (...) Quem viu outra realidade, mesmo em sonho, passa a desejá-la.”

Pena que meu exemplar (aquele da foto) foi emprestado e não foi devolvido, agora minha biblioteca está defasada! :õ(

Fica ai mais uma dica de um ótimo livro... que como eu já disse aqui faz parte da minha categoria O Preferido!

Beijos e Boa leitura!
Fefa Rodrigues

domingo, 29 de maio de 2011

Para pensar... Sobre Deus

Gosto muito dos textos de um teólogo chamado Ricardo Gondim... têm me ajudado a pensar fora da caixa... mas esse texto dele que vou postar a seguir vai um pouco mais longe.... é como se ele me fizesse voar...

Então, sempre que sinto que estou ficando pregada ao chão, eu releio e então a frase “Já não fujo dEle como de um Átila. Eu o chamo de Clemente.” ecoa em minha mente por dias...

Então, vou compartilhar com você...


Sobre Deus
por  Ricardo Gondim

Não sei explicar as razões de minha fé. Não sei dizer os porquês de minha devoção. Sinto-me inadequado para convencer os indiferentes. Como fazer que desejem o mesmo sal que tempera o meu viver? Limitado, reconheço que tudo o que sei sobre o Divino é provisório. Não tenho como negar, minhas convicções vacilam. As certezas que me comovem são, decididamente, vagas.
Sei tão somente que Ele se tornou a minha meta, o meu norte, a minha nostalgia, o meu horizonte, o meu atracadouro. Empenhei o futuro para seguir os seus passos invisíveis. No dia em que o chamei de Senhor, a extensão do meu meridiano se alongou e os fragmentos de meu mapa existencial se encaixaram. Ao seu lado, caíram os tapumes da minha estrada e o ponteiro da minha bússola se imantou.
Sei tão somente que Ele se fez residente no campus dos meus pensamentos. Presente nos vôos da minha imaginação, transformou-se no mais doce ponto de minhas interrogações. Causa de toda inquietação, tornou-se a fonte de minha clarividência.
Sei tão somente que Ele se desfraldou como flâmula sobre meus ombros. Por amar tanto e tão formidavelmente, cilício, purgações, sacrifícios, tudo foi substituído por desassombro. No porão da tortura, nos suplícios culposos, achei um ambulatório, o seu regaço.
Livros contábeis, que registravam meus erros, foram rasgados. Encaro a eternidade com a sensação de que as sentenças estão suspensas. Já não fujo dEle como de um Átila. Eu o chamo de Clemente.
Sei tão somente que Ele ardeu o delicado filamento que acendeu a luz dos meus olhos. Ele foi o mourão que marcou o outeiro de minha alma; sou um jardim fechado. Ele é o badalo que dobra o sino do meu coração e o alforje onde guardo acertos e desacertos do meu destino.
Sei tão somente que Ele me fascina com a sua luz refratada em muitos matizes. Dele vem o encarnado que tinge a minha face com o rubor do sol. Seu amarelo me brinda com o açafrão do mistério transcendental. Vejo um roxo que me colore de púrpura real. Seu branco é lunar e me prateia. Seu preto me imprime de um nanquim celeste. Por sua causa, a minha alma espelha o azul dos oceanos virgens.
O que dizer de Deus? Tão pouco! Calado, só espero que o meu espanto celebre o tamanho da minha reverência.

Se você quiser ler mais de seus textos, clique aqui.

Boa leitura, bom domingo e uma semana maravilhosa a todos!!
Beijos
Fefa Rodrigues

sábado, 28 de maio de 2011

O Hobbit – Tolkien

“Numa toca no chão vivia um hobbit.”

Detalhe da Capa
Dizem que um dia Tolkien estava corrigindo provas de seus alunos e, ao se deparar com uma folha em branco, ele teria escrito essa frase e assim teria nascido a Terra Média e todas as aventuras que, no início, eram apenas histórias que ele contava para fazer os filhos dormir.

Depois de ter lido O Senhor dos Anéis e Contos Inacabados, ganhei O Hobbit, da minha sobrinha Dani, outra Apaixonada por Papel (é, esse é um mal de família) e li rapidinho. Adorei!

O livro, que já está se tornando filme, conta a história de Bilbo Bolseiro, o tio do Frodo, um hobbit pacato e pouco aventureiro que leva sua vidinha tranquila no condado até o dia em que Gandalf bate à sua porta e o convida para uma missão: roubar o tesouro de Smaug, o magnifico.

Adoro esses mapas!!!
Bilbo, que a principio não quer deixar sua rotina, acaba por embarcar nessa aventura que o levará a conhecer um mondo novo e que vai mudar toda a sua vida, até encontrar o Um Anel. Essa obra, apresar de ser bem mais curta e parecer um pouco mais infantil, tem a mesma qualidade de O Senhor dos Anéis, cheio de magia e de situações que parecem irremediáveis, mas que a esperteza de Bilbo consegue resolver.


O livro faz a gente pensar sobre as oportunidades que a vida nos dá de sairmos de nosso mundinho confortável pra conhecer o que há do outro lado da janela.

Pensando nisso, me lembrei de uma cena de O Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel, quando os quatro hobbits estão deixando o condado e no final de uma grande plantação Sam para, olha para trás e diz “eu nunca estive tão longe de casa”.

Depois daquele passo que o levou pra tão longe de casa ele viveu muita coisa, passou por momentos difíceis ao lado de Frodo, mas, como um portador do Um Anel, se tornou imortal.

Smaug, O Magnífico
Ele poderia não ter dado aquele passo, ele poderia ter ficado seguro no condado e talvez não haja nada de ruim nisso, uma questão de escolha... ele não teria que ter enfrentado o medo em Moriá, a fome e o cansaço da jornada... e até mesmo a desconfiança de Frodo. Mas ele deu o passo. E eu, quando tiver a oportunidade, também darei o passo!

Bem, divagações a parte, quem gostou de O Senhor dos Anéis não pode deixar de ler esse livro que ajuda a entender melhor a Terra Média e como Eustáquio foi se tornar um dragão... ôpa! Mas essa já é outra história ;o)

Ah, e dá pra aproveitar e ler antes que o filme chegue na telona, é sempre mais legal assistir depois de ter lido! E pra incentivar ainda mais a leitura, ai vai o comecinho do livro:

“Numa toca no chão vivia um hobbit. Não uma toca desagradável, suja e úmida, cheio de restos de minhocas e com cheiro de lodo; tampouco uma toca seca, vazia e arenosa, sem nada em que se sentar ou o que comer: era a toca de um hobbit, e isso quer dizer conforto."




Só pra finalizar, dá uma olhadinha nessa foto ai em cima. Eu passo por essa árvore todo santo dia na hora do almoço e toda vez eu me lembro daquela frase do início do livro. Diz ai se essa não seria uma morada perfeita pra um hobbit, um duende ou um fauno, heim?!?!

Beijos e boa leitura!!!
Fefa Rodrigues




sexta-feira, 27 de maio de 2011

Apaixonada por... Cemitérios?!?!

Aproveitando a postagem anterior sobre o conto Venha ver o pôr-do-sol, vou confessar uma paixão minha que poderá ser considerada meio sinistra: Cemitérios!

Mas calma! Não sou gótica não gente... nem levo jeito pra isso! Apenas encontro uma beleza na quietude, na paz e na lembrança que os cemitérios têm e isso me atrai...

Então, ai vai algumas das fotos que eu fiz no cemitério da cidade já faz algum tempo, antes mesmo de eu sonhar em ter um Blog... Por que além de Apaixonada por Papel e por Cemitérios, também sou Apaixonada por Fotografia!
















 

Essa é minha preferida... acho que por causa do contraste da cor do céu...


Beijos
Fefa

Venha ver o pôr-do-sol - Lygia Fagundes Telles.

Aproveitando que é sexta-feira, vou postar um texto longo, na verdade um conto da escritora Lygia Fagundes Telles.

O texto é muito bom, então, se você não está com tempo agora, volte mais tarde e leia esse surpreendente conto com calma, divagando pelas palavras e imaginando as cenas... vai valer a pena e vai te fazer pensar um pouco sobre o amor.

Boa leitura...


Venha ver o pôr-do-sol

“Ela subiu sem pressa a tortuosa ladeira. À medida que avançava, as casas iam rareando, modestas casas espalhadas sem simetria e ilhadas em terrenos baldios. No meio da rua sem calçamento, coberta aqui e ali por um mato rasteiro, algumas crianças brincavam de roda. A débil cantiga infantil era a única nota viva na quietude da tarde. Ele a esperava encostado a uma árvore. Esguio e magro, metido num largo blusão azul-marinho, cabelos crescidos e desalinhados, tinham um jeito jovial de estudante.
- Minha querida Raquel.
Ela encarou-o, séria. E olhou para os próprios sapatos.
- Vejam que lama. Só mesmo você inventaria um encontro num lugar destes. Que idéia, Ricardo, que idéia! Tive que descer do táxi lá longe, jamais ele chegaria aqui em cima Ele sorriu entre malicioso e ingênuo.
- Jamais, não é? Pensei que viesse vestida esportivamente e agora me aparece nessa elegância...Quando você andava comigo, usava uns sapatões de sete-léguas, lembra?
- Foi para falar sobre isso que você me fez subir até aqui? - perguntou ela, guardando as luvas na bolsa. Tirou um cigarro.
- Hem?!- Ah, Raquel... - e ele tomou-a pelo braço rindo - Você está uma coisa de linda. E fuma agora uns cigarrinhos pilantras, azul e dourado...Juro que eu tinha que ver uma vez toda essa beleza, sentir esse perfume. Então fiz mal?
- Podia ter escolhido um outro lugar, não? – Abrandara a voz – E que é isso aí? Um cemitério?
Ele voltou-se para o velho muro arruinado. Indicou com o olhar o portão de ferro, carcomido pela ferrugem.
- Cemitério abandonado, meu anjo. Vivos e mortos, desertaram todos. Nem os fantasmas sobraram, olha aí como as criancinhas brincam sem medo – acrescentou, lançando um olhar às crianças rodando na sua ciranda. Ela tragou lentamente. Soprou a fumaça na cara do companheiro. Sorriu.
- Ricardo e suas idéias. E agora? Qual é o programa?
Brandamente ele a tomou pela cintura.
- Conheço bem tudo isso, minha gente está enterrada aí. Vamos entrar um instante e te mostrarei o pôr do sol mais lindo do mundo. Perplexa, ela encarou-o um instante. E vergou a cabeça para trás numa risada.
- Ver o pôr do sol!...Ah, meu Deus... Fabuloso, fabuloso!... Me implora um último encontro, me atormenta dias seguidos, me faz vir de longe para esta buraqueira, só mais uma vez, só mais uma! E para quê? Para ver o pôr do sol num cemitério...
Ele riu também, afetando encabulamento como um menino pilhado em falta.
- Raquel minha querida, não faça assim comigo. Você sabe que eu gostaria era de te levar ao meu apartamento, mas fiquei mais pobre ainda, como se isso fosse possível. Moro agora numa pensão horrenda, a dona é uma Medusa que vive espiando pelo buraco da fechadura...
- E você acha que eu iria?
- Não se zangue, sei que não iria, você está sendo fidelíssima. Então pensei, se pudéssemos conversar um instante numa rua afastada...- disse ele, aproximando-se mais. Acariciou-lhe o braço com as pontas dos dedos. Ficou sério. E aos poucos, inúmeras rugazinhas foram se formando em redor dos seus olhos ligeiramente apertados. Os leques de rugas se aprofundaram numa expressão astuta. Não era nesse instante tão jovem como aparentava. Mas logo sorriu e a rede de rugas desapareceu sem deixar vestígio. Voltou-lhe novamente o ar inexperiente e meio desatento.
- Você fez bem em vir.
- Quer dizer que o programa... E não podíamos tomar alguma coisa num bar?
- Estou sem dinheiro, meu anjo, vê se entende.
- Mas eu pago.
- Com o dinheiro dele? Prefiro beber formicida. Escolhi este passeio porque é de graça e muito decente, não pode haver passeio mais decente, não concorda comigo? Até romântico.
Ela olhou em redor. Puxou o braço que ele apertava.
- Foi um risco enorme Ricardo. Ele é ciumentíssimo. Está farto de saber que tive meus casos. Se nos pilha juntos, então sim, quero ver se alguma das suas fabulosas idéias vai me consertar a vida.
- Mas me lembrei deste lugar justamente porque não quero que você se arrisque, meu anjo. Não tem lugar mais discreto do que um cemitério abandonado, veja, completamente abandonado – prosseguiu ele, abrindo o portão. Os velhos gonzos gemeram.
- Jamais seu amigo ou um amigo do seu amigo saberá que estivemos aqui.
- É um risco enorme, já disse . Não insista nessas brincadeiras, por favor. E se vem um enterro? Não suporto enterros.
- Mas enterro de quem? Raquel, Raquel, quantas vezes preciso repetir a mesma coisa?! Há séculos ninguém mais é enterrado aqui, acho que nem os ossos sobraram, que bobagem. Vem comigo, pode me dar o braço, não tenha medo...
O mato rasteiro dominava tudo. E, não satisfeito de ter se alastrado furioso pelos canteiros, subira pelas sepulturas, infiltrando-se ávido pelos rachões dos mármores, invadira alamedas de pedregulhos esverdinhados, como se quisesse com a sua violenta força de vida cobrir para sempre os últimos vestígios da morte.
Foram andando vagarosamente pela longa alameda banhada de sol. Os passos de ambos ressoavam sonoros como uma estranha música feita do som das folhas secas trituradas sobre os pedregulhos. Amuada mas obediente, ela se deixava conduzir como uma criança. Às vezes mostrava certa curiosidade por uma ou outra sepultura com os pálidos medalhões de retratos esmaltados.
- É imenso, hem? E tão miserável, nunca vi um cemitério mais miserável, é deprimente – exclamou ela atirando a ponta do cigarro na direção de um anjinho de cabeça decepada - Vamos embora, Ricardo, chega.
- Ah, Raquel, olha um pouco para esta tarde! Deprimente por quê? Não sei onde foi que eu li, a beleza não está nem na luz da manhã nem na sombra da tarde, está no crepúsculo, nesse meio-tom, nessa ambigüidade. Estou lhe dando um crepúsculo numa bandeja e você se queixa.
- Não gosto de cemitério, já disse. E ainda mais cemitério pobre. Delicadamente ele beijou-lhe a mão.
- Você prometeu dar um fim de tarde a este seu escravo.
- É, mas fiz mal. Pode ser muito engraçado, mas não quero me arriscar mais.
- Ele é tão rico assim?
- Riquíssimo. Vai me levar agora numa viagem fabulosa até o Oriente. Já ouviu falar no Oriente? Vamos até o Oriente, meu caro...
Ele apanhou um pedregulho e fechou-o na mão. A pequenina rede de rugas voltou a se estender em redor dos seus olhos. A fisionomia, tão aberta e lisa, repentinamente escureceu, envelhecida. Mas logo o sorriso reapareceu e as rugazinhas sumiram.
- Eu também te levei um dia para passear de barco, lembra?
Recostando a cabeça no ombro do homem, ela retardou o passo.
- Sabe Ricardo, acho que você é mesmo tantã... Mas, apesar de tudo, tenho às vezes saudade daquele tempo. Que ano aquele! Palavra que, quando penso, não entendo até hoje como agüentei tanto, imagine um ano.
- É que você tinha lido A dama das Camélias, ficou assim toda frágil, toda sentimental. E agora? Que romance você está lendo agora. Hem?
- Nenhum - respondeu ela, franzindo os lábios. Deteve-se para ler a inscrição de uma laje despedaçada: - A minha querida esposa, eternas saudades - leu em voz baixa. Fez um muxoxo.
- Pois sim. Durou pouco essa eternidade. Ele atirou o pedregulho num canteiro ressequido. Mas é esse abandono na morte que faz o encanto disto. Não se encontra mais a menor intervenção dos vivos, a estúpida intervenção dos vivos.
- Veja - disse, apontando uma sepultura fendida, a erva daninha brotando insólita de dentro da fenda -, o musgo já cobriu o nome na pedra. Por cima do musgo, ainda virão as raízes, depois as folhas... Esta a morte perfeita, nem lembrança, nem saudade, nem o nome sequer. Nem isso. Ela aconchegou-se mais a ele. Bocejou.
- Está bem, mas agora vamos embora que já me diverti muito, faz tempo que não me divirto tanto, só mesmo um cara como você podia me fazer divertir assim – Deu-lhe um rápido beijo na face.
- Chega Ricardo, quero ir embora.
- Mais alguns passos...
- Mas este cemitério não acaba mais, já andamos quilômetros! – Olhou para atrás. – Nunca andei tanto, Ricardo, vou ficar exausta.
- A boa vida te deixou preguiçosa. Que feio – lamentou ele, impelindo-a para frente. – Dobrando esta alameda, fica o jazigo da minha gente, é de lá que se vê o pôr do sol. – E, tomando-a pela cintura: - Sabe, Raquel, andei muitas vezes por aqui de mãos dadas com minha prima. Tínhamos então doze anos. Todos os domingos minha mãe vinha trazer flores e arrumar nossa capelinha onde já estava enterrado meu pai. Eu e minha priminha vínhamos com ela e ficávamos por aí, de mãos dadas, fazendo tantos planos. Agora as duas estão mortas.
- Sua prima também?
- Também. Morreu quando completou quinze anos. Não era propriamente bonita, mas tinha uns olhos... Eram assim verdes como os seus, parecidos com os seus. Extraordinário, Raquel, extraordinário como vocês duas... Penso agora que toda a beleza dela residia apenas nos olhos, assim meio oblíquos, como os seus.
- Vocês se amaram?
- Ela me amou. Foi a única criatura que...- Fez um gesto. – Enfim não tem importância. Raquel tirou-lhe o cigarro, tragou e depois devolveu-o.
 - Eu gostei de você, Ricardo.
- E eu te amei. E te amo ainda. Percebe agora a diferença? Um pássaro rompeu o cipreste e soltou um grito. Ela estremeceu.
- Esfriou, não? Vamos embora.
 - Já chegamos, meu anjo. Aqui estão meus mortos. Pararam diante de uma capelinha coberta de alto a baixo por uma trepadeira selvagem, que a envolvia num furioso abraço de cipós e folhas. A estreita porta rangeu quando ele a abriu de par em par. A luz invadiu um cubículo de paredes enegrecidas, cheias de estrias de antigas goteiras. No centro do cubículo, um altar meio desmantelado, coberto por uma toalha que adquirira a cor do tempo. Dois vasos de desbotada opalina ladeavam um tosco crucifixo de madeira. Entre os braços da cruz, uma aranha tecera dois triângulos de teias já rompidas, pendendo como farrapos de um manto que alguém colocara sobre os ombro do Cristo. Na parede lateral, à direita da porta, uma portinhola de ferro dando acesso para uma escada de pedra, descendo em caracol para a catacumba. Ela entrou na ponta dos pés, evitando roçar mesmo de leve naqueles restos da capelinha.
- Que triste é isto, Ricardo. Nunca mais você esteve aqui?
Ele tocou na face da imagem recoberta de poeira. Sorriu melancólico.
- Sei que você gostaria de encontrar tudo limpinho, flores nos vasos, velas, sinais da minha dedicação, certo? Mas já disse que o que eu mais amo neste cemitério é precisamente esse abandono, esta solidão. As pontes com o outro mundo foram cortadas e aqui a morte se isolou total. Absoluta.
Ela adiantou-se e espiou através das enferrujadas barras de ferro da portinhola. Na semi-obscuridade do subsolo, os gavetões se estendiam ao longo das quatro paredes que formavam um estreito retângulo cinzento
.- E lá embaixo? - Pois lá estão as gavetas. E, nas gavetas, minhas raízes. Pó, meu anjo, pó - murmurou ele. Abriu a portinhola e desceu a escada. Aproximou-se de uma gaveta no centro da parede, segurando firme na alça de bronze, como se fosse puxá-la.
- A cômoda de pedra. Não é grandiosa? Detendo-se no topo da escada, ela inclinou-se mais para ver melhor.
- Todas estas gavetas estão cheias?
- Cheias?...- Sorriu.- Só as que tem o retrato e a inscrição, está vendo? Nesta está o retrato da minha mãe, aqui ficou minha mãe - prosseguiu ele, tocando com as pontas dos dedos num medalhão esmaltado, embutido no centro da gaveta. Ela cruzou os braços. Falou baixinho, um ligeiro tremor na voz.
- Vamos, Ricardo, vamos.
- Você está com medo?
- Claro que não, estou é com frio. Suba e vamos embora, estou com frio!
Ele não respondeu. Adiantara-se até um dos gavetões na parede oposta e acendeu um fósforo. Inclinou-se para o medalhão frouxamente iluminado:
- A priminha Maria Emília. Lembro-me até do dia em que tirou esse retrato. Foi umas duas semanas antes de morrer... Prendeu os cabelos com uma fita azul e vejo-a se exibir, estou bonita? Estou bonita?...- Falava agora consigo mesmo, doce e gravemente.- Não, não é que fosse bonita, mas os olhos...Venha ver, Raquel, é impressionante como tinha olhos iguais aos seus.
Ela desceu a escada, encolhendo-se para não esbarrar em nada.
- Que frio que faz aqui. E que escuro, não estou enxergando...Acendendo outro fósforo, ele ofereceu-o à companheira.
- Pegue, dá para ver muito bem...- Afastou-se para o lado.- Repare nos olhos.- Mas estão tão desbotados, mal se vê que é uma moça...
Antes da chama se apagar, aproximou-a da inscrição feita na pedra. Leu em voz alta, lentamente.
- Maria Emília, nascida em vinte de maio de mil oitocentos e falecida...
Deixou cair o palito e ficou um instante imóvel.
- Mas esta não podia ser sua namorada, morreu há mais de cem anos! Seu menti...
Um baque metálico decepou-lhe a palavra pelo meio. Olhou em redor. A peça estava deserta. Voltou o olhar para a escada. No topo, Ricardo a observava por detrás da portinhola fechada. Tinha seu sorriso meio inocente, meio malicioso.
- Isto nunca foi o jazigo da sua família, seu mentiroso? Brincadeira mais cretina! – exclamou ela, subindo rapidamente a escada. – Não tem graça nenhuma, ouviu?
Ele esperou que ela chegasse quase a tocar o trinco da portinhola de ferro. Então deu uma volta à chave, arrancou-a da fechadura e saltou para trás.
- Ricardo, abre isto imediatamente! Vamos, imediatamente! – ordenou, torcendo o trinco.- Detesto esse tipo de brincadeira, você sabe disso. Seu idiota! É no que dá seguir a cabeça de um idiota desses. Brincadeira mais estúpida!
- Uma réstia de sol vai entrar pela frincha da porta, tem uma frincha na porta. Depois, vai se afastando devagarinho, bem devagarinho. Você terá o pôr do sol mais belo do mundo.
Ela sacudia a portinhola.
- Ricardo, chega, já disse! Chega! Abre imediatamente, imediatamente! - Sacudiu a portinhola com mais força ainda, agarrou-se a ela, dependurando-se por entre as grades. Ficou ofegante, os olhos cheios de lágrimas. Ensaiou um sorriso.
- Ouça, meu bem, foi engraçadíssimo, mas agora preciso ir mesmo, vamos, abra... Ele já não sorria. Estava sério, os olhos diminuídos. Em redor deles, reapareceram as rugazinhas abertas em leque.
- Boa noite, Raquel.
- Chega, Ricardo! Você vai me pagar!... - gritou ela, estendendo os braços por entre as grades, tentando agarrá-lo - Cretino! Me dá a chave desta porcaria, vamos!- exigiu, examinando a fechadura nova em folha. Examinou em seguida as grades cobertas por uma crosta de ferrugem. Imobilizou-se. Foi erguendo o olhar até a chave que ele balançava pela argola, como um pêndulo. Encarou-o, apertando contra a grade a face sem cor. Esbugalhou os olhos num espasmo e amoleceu o corpo. Foi escorregando.
- Não, não...
Voltado ainda para ela, ele chegara até a porta e abriu os braços. Foi puxando as duas folhas escancaradas.
- Boa noite, meu anjo.
Os lábios dela se pregavam um ao outro, como se entre eles houvesse cola. Os olhos rodavam pesadamente numa expressão embrutecida.
- Não...
Guardando a chave no bolso, ele retomou o caminho percorrido. No breve silêncio, o som dos pedregulhos se entrechocando úmidos sob seus sapatos. E, de repente, o grito medonho, inumano:
- NÃO! Durante algum tempo ele ainda ouviu os gritos que se multiplicaram, semelhantes aos de um animal sendo estraçalhado.
Depois, os uivos foram ficando mais remotos, abafados como se viessem das profundezas da terra. Assim que atingiu o portão do cemitério, ele lançou ao poente um olhar mortiço. Ficou atento. Nenhum ouvido humano escutaria agora qualquer chamado. Acendeu um cigarro e foi descendo a ladeira.
Crianças ao longe brincavam de roda.


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Agora, para tirar o gostinho amargo que o texto deixa na boca, vou postar umas belas fotos do pôr-do-sol que tirei durante o Carnaval...











Beijos e bom fim de semana!
Fefa Rodrigues

quinta-feira, 26 de maio de 2011

As Memórias do Livro – Geraldine Brooks e uma lição de tolerância!!

Esse é mais um daqueles livros que eu comprei pela capa. Nunca tinha ouvido falar na autora, apesar dela ter recebido o Prêmio Pulitzer de ficção por essa obra em que duas histórias são contadas ao mesmo tempo.
Detalhe da capa do Livro
Hanna Heath é uma especialista em restauração de documentos antigos contratada pela ONU para analisar e restaurar um tesouro. A Hagadá de Sarajevo que estava desaparecida desde a Guerra Civil em 1992 e que foi descoberta por um bibliotecário muçulmano na Bósnia.
A Hagada intriga os  especialistas principalmente por suas representações belíssimas, o que contrariava as regras judaicas da época - já que ela tem mais de cinco séculos de existência - e por ter sobrevivido a séculos de anti-semitismo e perseguiçãona Europa.
A partir da análise do raro livro pela personagem principal, outra história se desenrola, e cada descoberta remete a ação de uma pessoa em uma determinada época, que levou à produção daquela obra maravilhosa.
A partir de minusculas pistas encontradas em suas páginas, como manchas de vinho, cristais de sal, a asa de um inseto, pelos de gato... a história da Hagadá vai sendo reconstruída até chegar a sua origem.
Cada uma dessas pistas se transforma em um pequeno conto acerca de homens e mulheres que, em diferentes épocas, e independentemente de suas crenças religiosas, combateram a intolerância para proteger o manuscrito, por simples paixão pelo livro.
A Hagadá, para quem não sabe (e eu não sabia até ler esse livro), é um livro usado pelos judeus nas comemorações de Páscoa e que conta a história do Êxodo.
Bom, gostei muito desses pequenos contos que narram a história da viagem da Hagadá desde a longinqua Idade Média até a Guerra Civil na Bósnia.
Não gostei da história que serve de pano de fundo, ou seja, a personagem principal, seu envolvimento com o bibliotecário e suas dificuldades no relacionamento com a mãe, realmente essa parte da história me lembra algo tipo Dan Brown... sei lá... mas a parte dos contos vale muito a pena mesmo...
E ai é que vem a lição acerca da tolerância. Acho que o ponto principal da história é a união impensada entre pessoas de credos distintos - judeus, cristãos e muçulmanos, e tão distantes no tempo, mas que juntos acabaram por produzir uma obra prima de beleza inestimável e isso é inspirador.
Já fui acusada de ecumenismo (sei lá se isso pode ser considerada uma acusação, pra mim está mais pra elogio), mas a verdade é que, apesar de eu ter minhas crenças religiosas, isso não me impede de reconhecer a beleza da diversidade e, muito pelo contrário, isso só me leva a olhar para os diferentes como pessoas que tem muito a me oferecer e que certamente há muito mais em comum entre nós do que diferenças que possamos apontar.
Por isso, eu realmente levanto a bandeira COEXISTA!!
Agora, algumas imagens de diversas Hagadás gentilmente cedidas pelo Google!




 “De meus olhos vertem tristeza; odres de água que vazam”
                                               - Abid Bin Al-Abras

Beijos e boa leitura!
Fefa Rodrigues

quarta-feira, 25 de maio de 2011

O Homem que matou Getúlio Vargas – Jô Soares

Minha ainda humilde biblioteca!
Eu ainda não tenho uma biblioteca de verdade, tenho essas quatro prateleiras cheias de livros, mas, com o tempo e se Deus quiser, o Davi e eu teremos uma biblioteca com muitas prateleiras cheias. Apesar de parecer pouco, são quase 200 livros já!

Como eu comentei aqui, houve uma época da minha vida em que eu devorei toda literatura brasileira que encontrei pela frente, pois eu tinha me apaixonado por livros e só tinha acesso às obras disponíveis na biblioteca municipal ou no único sebo da cidade. Como nesses lugares quase que só havia literatura brasileira e eu não tinha qualquer acesso aos autores estrangeiros, não sobrou muita coisa sem que eu tenha lido.

Mas, hoje em dia, eu acabo comprando quase que exclusivamente literatura estrangeira, os únicos livros brasileiros que eu compro, por razões óbvias, são os de direito. Por isso, de todos esses livros que enchem minhas parcas prateleiras, apenas cinco são de autores brasileiros. São eles, Seara Vermelha e Mar Morto, do Jorge Amado, Senhora do José de Alencar (meu livro brasileiro favorito) e Assassinato na Academia Brasileira de Letras e O Homem que Matou Getúlio Varas, os dois do Jô Soares, e é desse último que eu quero falar um pouco hoje.

Como também já contei aqui esse foi o primeiro livro que eu ganhei, foi um presente da minha mãe no Natal de 1998 e me lembro como se fosse hoje da gente indo buscar o livro na Papelaria Colmeia, única livraria da cidade na época. 

A obra é divertidíssima e conta as aventuras de Dimitri Borja Korozek, filho de Isabel, uma atriz circense brasileira, e de Ivan Korzek, um sérvio por quem ela se apaixona e com quem ela se casa  durante uma turnê pelos Balcãs.

Dimitri nasce na Bósnia, e sob a influência anarquista de seu pai, o menino de belos cabelos cacheados e olhos verdes, desde criança participa das reuniões do partido e acaba por entregar sua vida à causa, formando-se em uma tradicional escola secreta de assassinos.

Agora, preparado para defender a causa anarquista, mesmo que seja derramando sangue, e considerado marcado pelo destino para isso, pois nasceu com seis dedos em cada mão o que só poderia representar um sinal de sua especial condição, de seu dom, ele parece o homem certo para as mais temidas missões, porém, sofre de um mal crônico: ele é completamente desastrado.

A história é muito divertida e o Jô consegue colocar Dimitri em todos os grandes momentos da história, desde a morte do Duque Francisco Ferdinando, que levou a eclosão da primeira Guerra Mundial, passando por aventuras com a famosa espiã Mata Hari, pelo episódio dos taxis que levaram os soldados franceses até a frente de batalha, com direito a uma participação especial na disseminação do vírus da gripe espanhola pelo mundo, e ainda, trabalhando como capanga de Al Capone, quase pondo fim a filmagem do clássico Bem Hur, até chegar ao Brasil nos tempos do governo de Getúlio Vargas, quando ele compreende que a missão de sua vida é acabar com o governo autoritário que dominava a terra natal de sua mãe.

Dimitri então se infiltra no grupo de segurança pessoal do presidente Getúlio Vargas e se mantém a espreita esperando o momento certo de por seus planos em ação, e tudo indica que esse momento está chegando, mas será que enfim ele irá cumprir o seu fabuloso destino?

Dimitri é assim, o homem errado no lugar certo, e que sempre quase consegue cumprir seu destino de assassino profissional, mas o azar está sempre ao seu lado para atrapalhar. O livro é uma comédia, e o Jô uniu com perfeição os eventos históricos numa linha traçada a partir da biografia fictícia desse assassino. Muito bom, vale a pena ler.

Um detalhe que torna o livro ainda mais cômico, são as ilustrações que recheiam suas páginas, com o Dimitri sempre meio escondido nas fotos (Até lembra os desenhos do Tom e Jerry que nunca mostra o rostod as pessoas e a gente fica só na curiosidade!). Vou reproduzir algumas das imagens abaixo, como são fotografias, não ficaram muito boas, mas dá pra ter uma idéia.


Aqui, o Jô encontra Dimitri num cantinho da famosa obra Guernica
 
Segundo Jô, esse seria um retrato de Dimitri rabiscado por Picasso em um guardanapo de papel
 
Um relance das mãos de Dimitri

Mais uma vez a gente quase vê Dimitri numa foto tirada em um momento histórico

Aqui, Dimitri não saiu na foto porque tinha ido ao banheiro nesse exato momento

Aqui a minha preferida, uma foto de Dimitri e Mata Hari, tirada por um anão, por isso só aparecem as pernas dos dois!!

Detalhe ao fundo, uma mão com seis dedos!

Como já é um livo bem antigo, não sei se á fácil encontrar para comprar, mas se você tiver oportunidade, leia, ainda mais se você, como eu, é um Apaixonado por História!!

Realmente um livro muito bom e muito divertido que eu já li duas vezes!!!

Fica aí a dica de hoje, beijos...
Fefa